Soja, Menopausa e Pós-menopausa
- Graças Marins
- 13 de nov. de 2015
- 2 min de leitura
Isoflavonas são fitoestrogênios isolados a partir da soja que, além de seu poder antioxidante, exercem efeitos hormonais e não-hormonais pela capacidade de se ligar a receptores de estrógeno. Esses efeitos estão associados a potenciais benefícios para saúde, especialmente em mulheres na menopausa ou pós-menopausa.
A maior motivação para suplementação de fitoestrogênios da soja na menopausa ou pós-menopausa reside na redução da freqüência e gravidade das ondas súbitas de calor que acometem essa população de mulheres. Essa diminuição foi observada em estudo prospectivo conduzido em japonesas que consumiam soja ou isoflavona isolada da soja e confirmada por outros estudos controlados utilizando soja, isolado de proteína de soja e extratos de soja, oferecendo 30 a 104 mg/dia de isoflavonas.
Apesar de alguns estudos não confirmarem esse benefício, as evidências científicas descritas sugerem que o consumo de pequenas quantidades de isoflavonas (30 mg/dia) intactas na proteína de soja ou como extrato semipurificado pode reduzir em 30 a 50% as ondas súbitas de calor típicas da menopausa. Os dados contraditórios parecem estar associados à quantidade e apresentação do fitoestrógeno, bem como à condição de saúde da população estudada. Nesse sentido, o desenvolvimento de novas pesquisas para a padronização dessas variáveis é de grande interesse científico.
Além de atenuar os sintomas físicos da menopausa, fitoestrogênios da soja podem auxiliar na prevenção do desenvolvimento de distúrbios silenciosos e progressivos da saúde ligados à diminuição dos níveis orgânicos de estrógeno freqüente nessa fase da vida da mulher, como hipercolesterolemia e redução da massa óssea.
Após a consideração de numerosos estudos — incluindo meta-análise envolvendo 38 trabalhos, que mostrou que a ingestão de 47 g/dia de proteína de soja resultava na diminuição de colesterol total (9%) e de LDL-colesterol (lipoproteína de baixa densidade, 13%) e apresentava uma tendência em aumentar HDL (lipoproteína de alta densidade, 14%) —, o Food and Drug Administration norte-americano (FDA) reconheceu a relação entre o consumo de proteína de soja e baixos níveis de colesterol e estabeleceu que “dietas pobres em gorduras saturadas e colesterol que incluem 25 g de proteína de soja por dia podem reduzir o risco de doenças cardíacas” . Porém, paralelamente, estudos utilizando extratos de isoflavona purificados derivados de soja não encontraram esses mesmos efeitos no perfil lipídico do sangue. Essa observação sugere que isoflavonas da soja reduzem LDL e provavelmente aumentam HDL, mas necessitam ser consumidas intactas, na proteína da soja.
Evidências científicas do benefício do consumo de isoflavonas da soja na saúde dos ossos são menos expressivas que aquelas relacionadas com saúde cardiovascular e sintomas físicos da menopausa. Experimentalmente, foi bem demonstrado que isoflavonas melhoram a densidade mineral e o turnover de ossos, mas existem poucos estudos em humanos nessa área. No entanto, dois trabalhos intervencionistas adequadamente controlados, conduzidos em curto período de tempo, sugerem que 80 a 90 mg/dia de isoflavonas da proteína da soja podem atenuar perda óssea e melhorar o conteúdo mineral da coluna vertebral em mulheres na menopausa ou na pós-menopausa.
Publicado em http://www.nutritotal.com.br/
Colaboração: Dra. Graças Marins
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